Não preciso mais de café

Não preciso mais de café

20:40, eu estava tomando café na cantina com meus amigos. Não dei ouvidos ao assunto deles, apenas deixei-me saborear o café quente. Cada gole era uma onda de calor.

Meus olhos estavam voltados para as paredes de vidro, analisava o fluxo de acadêmicos. Foi então que senti teus olhos em mim. Sempre odiei a sensação de ser observada.

Tênis, calça jeans, moletom cinza, boné virado, 1,80 de altura. Bebi mais um gole do café e acompanhei teus passos em direção à mesa. Você passou por mim e senti teu perfume. Fechei os olhos e inspirei o máximo que pude, sorri de leve apreciando o cheiro.

Abri os olhos e te encontrei sentado na mesa à frente flagrando-me sorrir de olhos fechados. Ruborizei no mesmo instante. Mais que de pressa olhei para o café e me pus a beber. Um, dois, três goles. 

O café estava no fim e logo eu teria que voltar para a aula. Olhei para você por uma última vez, você sorriu. Meu ponto fraco sempre foi sorrisos.

Saí com o copo na mão e sentei no banco sob algumas árvores. Quando olhei para o lado, você estava vindo em minha direção e sentou ao meu lado. Conversamos. O assunto fluiu, a vergonha passou, as gargalhadas foram as mais sinceras que já dei.

Bebi os últimos goles do café e comecei a me despedir, foi quando você me puxou e beijou. Senti teus lábios nos meus, senti o gosto café, senti teu perfume e senti o calor do teu corpo. Eu não precisava mais de café, eu tinha você para me causar um turbilhão de sensações.

O tempo passou rápido demais e o destino foi cruel. Você está deitado nessa cama, em coma, há 2 anos. Sei que me ouve, e que adora quando relembro os momentos que passamos juntos.

Estou sentindo saudade da tua voz, do teu abraço, da tua boca, de nós. Eu realmente espero que acorde logo. Mas, enquanto você não acordar, eu estarei aqui! E é isso que vai nos manter vivos.